Meu Baú






LENÇÓIS MOVEDIÇOS BRANCOS DE CETIM

Por: JefhCardoso





O que não me pertence eu não ofereço a ninguém. Amor dos outros é amor dos outros, é sagrado. Um amor inspirado em um inverno de umidade extremamente baixa é um amor praticamente fadado ao fracasso. É um amor que supostamente não resistirá às primeiras chuvas primaveris. É um amor seco, árido, opaco, sem futuro. Admita.



Admita que os versos contidos nas parábolas e elipses do vôo ininterrupto do beija flor cego duram até que seu coração pare de bater, pois o pavor de pousar lhe faz versar até o último pulsar em seu diminuto peito amante da vida. Queira logo um gole do vinho tinto sagrado com o qual o mestre brindava aos seus principais convivas e comensais. Queira em vida, e vida abundante. Queira enquanto o teu querer é capaz de mover montanhas.

Não tenho nenhum dragão para enfrentar. Ai de mim assim, sem dragão medieval para enfrentar, sem dragão asiático para mitificar, sem uma Harley Davidson para montar! Não tenho uma rainha para saudar, e isso é melancólico como a cólica seguida da cólera vespertina. Ai de mim sem rainha para saudar! Pensando bem e mais além, pensando no coletivo, não temos futuro como não tiveram os punks na Inglaterra ou no ABC paulista. Ai de nós que nem punk somos!

Por aquela rua que só desce fui pra nunca mais subir. Não é questão de capricho. Nem princípios de beira de precipício. Questão de amor próprio, amor precioso, amor principal, preciso. E não é questão apenas de um amor qualquer como pode imaginar ter sido. Questão de amor é coisa séria. Não brinco com isso. E seria coisa mais séria ainda, não fosse o cotidiano nosso de cada dia que nos dai hoje.

Seja grande. Não seja um pigmeu sem caráter, sem pigmento brioso na face, sem nobreza no olhar. Converse com as flores. Ouça o que diz o dia. Respeite o amor que se move no horizonte.

Tome em seus braços a vida faceira que se espreguiça pelos lençóis movediços brancos de cetim. Queira o beijo fresco da manhã sabor hortelã. Queira a feroz, mortal, angelical maçã em que o inverso agonizante injetou a nova primavera. Queira teu bem. Desvie de teu mal. E lembre-se que o que não me pertence eu não ofereço a ninguém. Amor dos outros é amor dos outros, é sagrado. Um amor inspirado em um inverno de umidade extremamente baixa é um amor praticamente fadado ao fracasso. É um amor que supostamente não resistirá às primeiras chuvas primaveris. É um amor seco, árido, opaco, sem futuro.








Eu modo de usar


Me surpreenda sempre, com as coisas simples, coisas
óbvias que quase ninguém pensa quando quer surpreender.
tenha os cabelos cumpridos o suficiente
para que eu possa entremear os meus dedos neles
e por favor, faça o mesmo nos meus.
Gosto do belo, mas não de uma beleza comercial.

Tenha conteúdo, sem isso não existe beleza.
 Sempre me atraio pelo conjunto,logo,
me faça rir mas não me conte piadas;seja gentil,

alegre e perspicaz;
tenha mais interesse 
pelas pessoas do que pelo mundo   – pelo que elas são.
Leia  muito, e comece pela Bíblia, releia tudo que ler e procure o discernimento.
Guarde os ensinamentos não só na mente guarde-os no coração.
Entenda os meus sinais e sorrisos, geralmente eles falam mais de mim do que eu mesma.
Saiba perder,  mais não faça disso um hábito, se cair ria de si mesmo.Mas nunca se deprecie;e receba com carinho meus elogios.

– O que sai da minha boca sempre vem do coração.
Todos nós cometemos erros, vale analisar para não repeti-los,
e lembre-se eu também erro ,então se eu chorar, me abrace.
Tenha amigos e se divirta muito com eles, 
mais não esqueça as coisas importantes da vida.
Me faça sentir saudades, mas venha se eu chamar.
olhe nos meus olhos,
seja alegre, ouça música comigo.
Procure conhecer os meus gostos mas,

 não se sinta obrigado a gostar das mesmas coisas que eu.
Descubra quem sou nas entrelinhas,
 me beije muito, me faça muito carinho, e se nada disso funcionar,
experimente me amar.


Por: Noélia M. de Lima 15/03/89







O Agreste visto da calçada


...De repente olho a minha volta e o que vejo é um caminho agreste, iluminado somente pela luz da lua e seu imenso e grandioso céu pintado de estrelas; que me parece mais uma rede de cabelos, bordada com imensos brilhantes.
No céu deste agreste podemos ver a cor dos astros, podemos ver a grandiosidade e imensidão do universo. Abaixo deste céu, pareceu-me estar dentro de uma foto preto e branco, aquelas fotos do início do século, que eram mais para o marrom e o amarelado, onde tudo parece que dorme, onde tudo parece muito distante.
Sentidos apurados o único som que me chega aos ouvidos são os sons da natureza: o vento correndo entre as matas, os estranhos estalido dos sapos a beira do açude próximo e os grilos que insistentemente quebram a harmonia dos pensamentos.
Os sons do silêncio.
Da cozinha escura e sombria, o burburinho do cochicho das comadres e o cheiro forte e gostoso do café.
Olhando ainda da calçada dessa velha construção artesanal: tijolos feito  á mão, chão batido de cimento e suor; posso divisar os enormes cômodos cheios de redes coloridas, a espera dos corpos cansados dos seus moradores. Alguns para um sono profundo e cansado, já que não há neles mais sonhos; outros tantos que há pouco na vida, deitam-se deixando seu sono ser povoado por sonhos e esperanças.
Do outro lado da calçada, vejo a minha frente um pequeno curral com umas poucas reses castigadas pela seca, assim como seus donos; acima deste uma velha casa abandonada pelo tempo; lá também abandonada a Matriarca da família, mulher pequena, franzina mesmo, a voz rouca, quase ininteligível, na fronte as cicatrizes de grandes sofrimentos, mas apesar disto tem um brilho de força e coragem no olhar que não tenho visto muito. Não entende a moral e o mundo em que hoje vive, por isso vive de lembranças.
Pouco fala, mas são imensas as saudades do seu companheiro..., já não há lugar para mágoas no seu coração, só as lembranças e a presença do vaqueiro chamado Antônio, que também é Roque, Antônio Roque, que de braço direito do "Velho Cazé" é hoje invisível sombra protetora da velha Matriarca.
Antônio que também é Roque.
Antônio Roque, figura arredia de grandes olhos verdes, já quase sem uso, como sem uso estão seus braços outrora tão fortes.
O que mais guarda da juventude é o gênio difícil, mas guarda também um coração imenso e uma ternura, rude e gostosa.
São dez horas da noite e no agreste é madrugada, lá dentro todos dormem.
Antes do sol raiar já se vêem abertas as janelas das velhas construções.
Junto com o ar da manhã, invade a casa o cheiro forte do café, lá fora o som dos homens no curral e o grito das crianças no terreiro.
E o sertão agradece a Deus o novo amanhecer; apesar da seca, da mesa sempre rasa de comida, da dor de tanta luta e tão pouca conquista, ainda assim agradecem esse novo dia, renovando suas esperanças e sua fé.
Não sei explicar onde está a beleza deste lugar, não cabem palavras, definições, é uma beleza que só se pode sentir. Só sei que deixa um apego.
Sei que meu tempo por aqui é curto, como diz a sua gente, estou aqui passando uma chuva e assim como as chuvas passam, eu também vou passar.
Mas vou levar daqui muito mais do que mágoas e tristezas, também vou levar saudades, lembranças de risos, pequenos gestos de carinho e ternura, rostos queridos e muitas, muitas saudades dessas noites na calçada!

Por: Noélia M. de Lima 19/03/90  


(algumas pessoas  passam em nossa vida por um breve momento contudo deixam saudades eternas. Saudades do vaqueiro Antônio Roque, do meu amigo Severo, de Elísio e da minha cunhada Sônia)


Meu nascimento


Nasci no Rio de Janeiro, aos 05 do mês de Julho de 1956,  e ainda hoje, acho esta Cidade Maravilhosa.
Apesar de não reconhecer as pessoas que hoje vagam pelas suas ruas: suas idéias seus ideais; não lhes reconhecer o comportamento, estranho, assustado.
Reconheço suas ruas, aquele magnífico por do Sol no Arpoador, aquele delicioso cheiro de Marísia, de vida.
No Corcovado o Cristo continua de braços abertos.
O Rio de Janeiro continua Lindo!
Apesar das mortes, a vida nele resiste, apesar das lágrimas, o sorriso do povo persiste, apesar da segunda feira carregada, chega a sexta feira e o chopp e a conversa fiada insiste.
As noites no calçadão de Copacabana, continuam  lindas e iluminadas e cada dia me parecem mais coloridas; nos seus bares o chopp ainda tem o mesmo colarinho, o mesmo sabor de euforia, assim como o mar ainda me parece aconchegante e amigo.
Sim, o Rio de Janeiro foi tomado de assalto pela violência pela marginalidade,  foi sequestrado pela impunidade.
Mas, insiste, canta, encanta, brilha e resiste !

  Por: Noélia M. de Lima 10/01/1994





Minha Doce Raquel



Teus olhos parecem menina, pequenas jaboticabas, tão negros tão doce pequena; como doce é teu afago.

Mas da negra frutinha, não só  doce tu és, travessa assim como ela vive  a subir pelos pés….

Pendurada aqui e ali, agarrada aqui e acolá; logo vês que com outra frutinha não podia te comparar.

Mas, importante menina eu posso acrescentar é esse teu jeito meiguinho gostoso de se agarrar.



Por:Noélia M. de Lima 03/2002



 Ao meu neto Marcos Vinícius

Socorro! me acudam, eu quero; preciso participar.
Será que ninguém me houve?….Ô gente, eu preciso falar…
Preciso dizer que aprendi, também posso explicar, sei tudo… senão eu invento, eu só não posso parar.
Podia essa minha vidinha, mais rápido andar, é tudo tão vagaroso, como posso me saciar.
-Cuidado meu moreno, não vá se apressar, viva cada momento ,para saborear.
Sinta o gosto da infância, da juventude o prazer, tudo tem o seu momento, afinal, pra que correr?
Preenchas o álbum da vida sem página pular, para que no  futuro histórias tenha a contar.

Por:Noélia M. de Lima 03/2002


Há o que será o Paraíso para vós, já consigo ouvir suas risadas.....Calma Vinícius haverá bastante tempo..
Raquel seus olhos brilham diante da beleza da criação restaurada de Jeová.
Palmas,palmas,Jeová é bom, Jeová é o único Rei!

Tudo que eu queria era poder te guardar até que chegasse a nova ordem, para que eu pudesse pedir
 a Jeová um lugar para ti onde teus olhos só vissem o que é belo, teus ouvidos só ouvissem o canto
 dos passáros e o barulho das águas, e cada despertar teu fosse uma festa de alegria e de louvores ao teu Deus.


Minhas pedras preciosas


O Bouquet Monteiro



Ele tinha seu jardim particular, eram poucas as sua flores;

Mas, eram formosas, belas e perfumadas.

Cuidá-las dava-lhe um imenso orgulho, era algo pessoal..., de ego .

Com o tempo suas belas flores também lhe cuidavam, cuidavam a alma, as feridas,lhe davam o socorro urgente da vida, as vezes de pequenos problemas do dia a dia, até aquelas feridas mais profundas...

Pois momentos havia em que estava perdido, sem encontrar saída…. porque a vida é assim, nos exige muito e nos cobra muito também;cada atitude, cada deslize…..

Nos cobra até mesmo os sonhos e sonhos era o que não lhe faltava.

Mal via uma estrela no céu e já ia estendendo a mão como se de fato pudesse pegá-la,sua visão alcançava o futuro ainda não alcançável, anos luz estavam seus sonhos, anseios.

Na verdade sequer sei como pode viver alguém que passava tanto tempo sonhando……

Porque embora seus pés estivessem na terra e sua mente fosse lógica e bastante racional em certos aspectos da vida;no contexto geral tudo na sua vida girava em torno de sonhos.

Alguns é claro alcançados, como trazer das raízes algumas de suas queridas irmãs;as flores de seu jardim para junto de si.

Vê-las desabrochar, crescer, dar frutos, este foi um de seus sonhos.

E deve ser sabido, falado e lembrado isto: que suas flores eram muito amadas, cada uma delas,no buquet e individualmente:a flor Margarida, Icléia, Leda, Marlene, Maria Luiza, Lourdes e Irene.

Deve ser sabido que este bouquet enfeitou e perfumou sua vida como nenhum outro, era o bouquet de suas raízes.

Por isso peço a Deus que as abençoe por ter-lhes enfeitado a vida.







































Por: Noélia M. de Lima